O deputado Rodrigo Lorenzoni (PP) apresentou dados do Centro de Liderança Pública (CLP) durante reunião desta quarta-feira (8) da Comissão de Economia na Assembleia Legislativa, chamando atenção para a delicada situação fiscal do Rio Grande do Sul e para a falta de investimentos estratégicos em infraestrutura. Segundo ele, a ausência de planejamento de médio e longo prazo pode comprometer a capacidade do Estado de sustentar sua economia e realizar obras estruturantes nos próximos anos.
De acordo com o levantamento, o Rio Grande do Sul ocupa a última posição nacional no ranking de solidez fiscal. Lorenzoni lembrou que o próprio governo estadual utiliza esse ranking para divulgar bons resultados em outros indicadores, reconhecendo sua credibilidade. Além disso, destacou o indicador de investimento público divulgado ontem pelo CLP, no qual o Estado também aparece em último lugar (27º), revelando dificuldades para manter uma política responsável de aplicação de recursos em áreas estratégicas.
O parlamentar ressaltou que, a partir de 2027, o Estado voltará a pagar a dívida com a União e terá de cumprir outras obrigações legais, como os mínimos constitucionais da educação e saúde, a dívida de precatórios e o fim da parcela de redutibilidade do magistério. “Haverá uma forte pressão sobre o orçamento estadual e não há margem para aumento de arrecadação via tributos. A alternativa é fomentar a atividade econômica, o que depende diretamente de investimentos em infraestrutura”, afirmou.
Gasto apressado e ineficiente
Lorenzoni criticou a ausência de obras estruturantes em rodovias, hidrovias e ferrovias, reforçando que os anúncios feitos até o momento não se traduzem em intervenções de grande impacto. Ele também expressou preocupação com a utilização dos recursos do Fundo de Reconstrução (Funrigs). “Já temos mais de R$ 40 milhões aplicados em publicidade, bolsas de estudo e consultorias. Há uma pressão para gastar rapidamente, sem um olhar de longo prazo”, destacou.
Durante a reunião, o deputado apoiou a proposta apresentada pelo colega Felipe Camozzato de prorrogar o prazo de utilização dos recursos do Funrigs, atualmente previsto até 2027, com o objetivo de permitir a execução de projetos de maior envergadura. “Se o prazo não for ampliado, o governo corre o risco de aplicar os recursos de forma apressada e ineficiente”, alertou.
Ao final, Lorenzoni enfatizou que sua manifestação se baseia em dados objetivos, sem caráter político-partidário. “Precisamos resolver os problemas do presente, mas também preparar o futuro. Caso contrário, em 2027, o Rio Grande do Sul poderá enfrentar sérias dificuldades fiscais e estruturais”, concluiu.