Durante a reunião da Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, nesta quarta-feira (29), o deputado estadual Rodrigo Lorenzoni fez um duro pronunciamento sobre as concessões dos Blocos 1 e 2 de rodovias, anunciadas ontem (28) pelo governador Eduardo Leite em coletiva de imprensa.
De acordo com o parlamentar, que defende o modelo de concessões, o problema está na forma como o governo vem conduzindo o processo. “Pior do que não conceder é fazer uma concessão mal feita”, afirmou. Segundo ele, o projeto apresentado pelo Executivo não atende ao interesse público e ainda será financiado com recursos do Fundo de Reconstrução do Rio Grande do Sul, que possui prazo de execução até 2027.
Rodrigo criticou a falta de diálogo e transparência do governo na condução do tema. “O que estamos vendo é algo imposto, truculento, sem diálogo e sem transparência. Não sabemos qual é o verdadeiro objetivo por trás dessas concessões, mas temos certeza de que o interesse público não é o foco. Deixo aqui minha indignação — não é possível assistir a tudo isso calados, com um governo que amordaça, constrange sua base e conta com uma imprensa financiada para dizer que isso está certo”, destacou.
O deputado citou alertas de órgãos de controle e a dificuldade do próprio governo em sustentar o projeto. “Será que vamos entregar o dinheiro do Rio Grande do Sul para algo assim, debaixo dos nossos olhos? O governador pode muito, mas não pode tudo. O Tribunal de Contas está apontando irregularidades, a Assembleia também, e nem os secretários do governo conseguem defender o projeto. Estamos diante de um escândalo moral. Talvez não seja crime, mas é moralmente inaceitável o que está sendo feito com o Rio Grande do Sul”, disse Lorenzoni.
O parlamentar também explicou que o “escândalo moral” se refere à inversão da lógica que deveria nortear as concessões. “A base de uma concessão é o investimento privado para viabilizar um serviço que o governo não consegue prestar. O empresário aplica seus recursos, assume o risco e, ao longo do tempo, recupera o investimento por meio da cobrança de pedágio. No caso dos Blocos 1 e 2, o governo está entregando dinheiro público para uma empresa privada, que terá três anos para iniciar as obras, contará com recursos de pedágio e não assumirá risco algum. É um modelo completamente distorcido”, finalizou.