Nesta segunda-feira (29), foi realizada, na Câmara Municipal de Vereadores de Lajeado, a última reunião de trabalho da Subcomissão de Acompanhamento da Retomada dos Negócios após a Enchente de 2024.
Na abertura do encontro, o deputado Rodrigo Lorenzoni, presidente da Subcomissão, relembrou as principais demandas discutidas nas reuniões anteriores, realizadas em Porto Alegre, Alvorada, Guaíba e São Sebastião do Caí. Em seguida, abriu espaço para a participação de autoridades locais, empresários e representantes da comunidade do Vale do Taquari.
A região foi fortemente atingida pelas enchentes, e Lajeado e quase todos os municípios do Vale ainda enfrentam sérios desafios. Entre os temas levantados, destacou-se o potencial estratégico do porto de Estrela, que poderia oferecer uma alternativa logística mais econômica ao conectar-se com o porto de Rio Grande. Também foi amplamente debatida a dificuldade de acesso ao crédito para pequenos e médios empreendedores, responsáveis por cerca de 70% dos empregos formais, além da burocracia excessiva e da falta de sensibilidade dos governos em relação às empresas afetadas.
Além das dificuldades econômicas, foram abordadas questões sociais urgentes. Muitas famílias ainda não têm moradia e enfrentam critérios confusos e desiguais para o acesso aos auxílios governamentais. As prefeituras, por sua vez, estão sobrecarregadas com o pagamento de aluguel social, o que compromete seriamente os orçamentos municipais.
Faltam obras estruturantes, e, em cidades como Arroio do Meio, a escassez de máquinas para recuperação de estradas também foi uma das queixas.
Para os empreendedores, o cenário continua difícil: os prazos para início do pagamento dos financiamentos estão chegando, os juros são altos, não houve tempo suficiente para a retomada das atividades e a carga tributária permanece elevada. Como destacou Giraldo Sandri, vice-presidente da Fecomércio: – “O Estado não cabe mais no bolso dos empresários”.
Outro ponto alarmante é o impacto nas propriedades rurais familiares: cerca de 9 mil foram afetadas, com mais de 3 mil produtores perdendo tudo.
A dimensão emocional da tragédia também foi lembrada. O trauma psicológico da população, especialmente das crianças que entram em pânico a cada nova chuva, foi mencionado, assim como as dificuldades de formalização de empregos (em parte devido à desincentivação causada por programas sociais como o Bolsa Família) e o aumento da criminalidade e do consumo de drogas.
Ao final da reunião, o deputado Rodrigo Lorenzoni falou sobre os próximos passos da subcomissão: – “Os subsídios coletados aqui, a gente espera, nos próximos 10 dias, entregar no relatório final à Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo. Este relatório deverá ser homologado e aprovado pelo plenário da Comissão. Depois, vamos nos reunir com o governo do estado e com o governo federal para buscar avanços nessas pautas que preocupam aqueles que movimentam a nossa economia. Em novembro, vamos dedicar o mês às reuniões com os representantes dos governos para que possamos encontrar medidas de alívio para quem produz no campo e na cidade”.