Foi realizada nesta terça-feira (2), na Casa da Farsul, durante a Expointer, uma audiência pública para discutir a situação e os impactos do abigeato no Rio Grande do Sul. A iniciativa foi proposta pelo deputado Rodrigo Lorenzoni na Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa.
O evento reuniu representantes de todo o setor agropecuário e da segurança pública estadual. Estiveram presentes a cúpula da Segurança Pública do RS, a secretária estadual de Relações Institucionais, Paula Mascarenhas, dirigentes da Farsul, a presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Antonia Scalzilli, prefeitos, presidentes de sindicatos rurais e produtores de diversas regiões. Do Legislativo, além de Rodrigo Lorenzoni, participaram os deputados Frederico Antunes e Capitão Martim.
Durante a audiência, os dados apresentados pela Brigada Militar e pela Polícia Civil permitiram aos produtores e lideranças avaliar as ações em curso para o combate ao abigeato, como a reposição de efetivo, cursos de patrulhamento rural e o fortalecimento do setor de inteligência. O comandante-geral da Brigada Militar, Cláudio dos Santos Feoli, alertou para o problema da subnotificação das ocorrências, o que dificulta o planejamento de ações mais efetivas.
Segundo levantamento da Polícia Civil, comparando com o ano anterior, houve redução nos casos de abigeato em 189 dos 497 municípios gaúchos. Em 91, os casos aumentaram, e em 217, não houve variação. Ainda assim, o chefe da Polícia Civil, delegado Heraldo Chaves Guerreiro, ressaltou que a situação continua preocupante.
O momento mais marcante da audiência foi o anúncio feito pelo secretário de Segurança Pública, Sandro Caron: o atual Núcleo de Combate ao Abigeato de Rio Grande será transformado em uma Delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e de Abigeato (Decrab), somando-se às cinco já em funcionamento no estado, além de outras três anunciadas recentemente. O anúncio foi amplamente aplaudido pelos participantes, especialmente diante da sobrecarga enfrentada pela Decrab de Camaquã, que atende uma área muito extensa.
Gedeão Pereira, presidente da Farsul, reforçou que os produtores, desarmados, dependem exclusivamente das forças de segurança e que a tecnologia tem sido uma aliada na prevenção dos crimes. Já Paulo Ricardo Dias, coordenador da Comissão de Assuntos Fundiários e Segurança Rural da Farsul, manifestou preocupação com os prejuízos econômicos causados não apenas pelo abigeato, mas também pelos roubos de máquinas e insumos.
Produtores e entidades presentes também levantaram questões como: a falta de interlocução com o Judiciário, o que contribui para a subnotificação dos crimes e o receio de represálias; ausência de policiamento nas fronteiras fluviais em municípios como Barra do Quaraí, Uruguaiana e Itaqui; preocupações relacionadas a assentamentos e a necessidade de mais recursos para as Decrabs.
Ao final da audiência, após mais de três horas de debate, o deputado Rodrigo Lorenzoni agradeceu a presença das autoridades e do público e apresentou dois encaminhamentos, aprovados por aclamação:
“A segurança no campo é uma das prioridades do nosso mandato. A criação de mais uma Decrab e os encaminhamentos que tiramos desta audiência mostram que o debate gera resultados concretos. Seguiremos acompanhando de perto”, afirmou Lorenzoni.